sábado, 24 de abril de 2010

Aos meus iguais, minhas lágrimas

Por que matam os peixes?
Na angústia do nada – eu sinto.
Sinto seu cheiro pútrido de coisa morta que não quer morrer.
Seus corpinhos atirados na carcaça de um barco qualquer, onde homens trabalham,
Indiferentes.
Na desesperança de meus olhos úmidos, há o ódio daqueles que suas vidas privaram.
Com que direito?
Com que direito tiro-lhes a vida para tirar-me a fome?
Silenciosos, os peixes não sobrevivem da minha piedade.
Entre seus iguais, fluem e vivem da ausência.
Eles não sabem,
mas ainda posso sentir o cheiro de suas entranhas derretendo em óleo quente.

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