sexta-feira, 14 de agosto de 2009

pensando..

"Disseque suas motivações mais profundamente! Achará que jamais alguém fez algo totalmente para os outros. Todas as ações são autodirigidas, todo o serviço é auto-serviço, todo o amor é amor-próprio - As palavras de Nietzsche assomaram mais rapidamente, e ele prosseguiu célere. - Parece surpreso com esse comentário? Talvez esteja pensando naqueles que ama. Cave mais profundamente e descobrirá que não ama a eles: ama sim as sensações agradáveis que tal amor produz em você! Ama o desejo, não o desejado. (...)" (Quando Nietzsche Chorou - Irnvin D. Yalon)

Até que ponto, todos nós, seres humanos, somos assim tão egoístas?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Início de uma nova fase

Ela estava vivendo e deixando as coisas acontecerem devagar, dando tempo ao tempo. Não gostava de mentir e tampouco sabia fazer isso direito. Mas, não por mal, acaba fazendo. E, pior, acaba fazendo isso com si própria. Um aperto no peito surgia em algumas situações assim como o insistente pensamento que a impedia de ser feliz: "Um novo começo traz um novo final." Sabia disso muito bem, até melhor do que deveria. Era uma pessoa sentimental e sonhadora sim, mas conseguia ser mais racional do que muitos quando achava que isso era o certo a fazer. Após tantos meses sabia que mudanças viriam a acontecer mas, por vezes, confundia as reais mudanças com as que criava em sua sofrida imaginação. Até que ponto aguentaria certos aspectos que, gradualmente, a machucavam? Almejava ter uma balança em que pudesse colocar, de um lado, o que a fazia bem e, do outro, o que a fazia mal. Ao final, descobriria qual dos dois estava pesando mais em sua consciência. Mas não a tinha, então só lhe restavam duas opções. Ou passar horas pensando e, possivelmente, não chegar a lugar algum, ou esperar até uma força maior tomar conta de si e declarar a decisão tomada. Por enquanto, ainda não havia decisão alguma a tomar. Enquanto isso, avaliaria seu próprio comportamento e esperaria as respostas que viriam do mesmo. O tempo nunca para e, pacientemente, ela esperava que ele estivesse a seu favor.

Um conto

Em busca do frio, do silêncio, do escuro e da solidão, me encontro em frente ao portão verde que me prende à rotineira realidade. Já é quase meia noite e não posso ver se há lua no céu. Na rua, luzes amarelo-avermelhadas se tornam provas de que ainda não fui para a cama dormir. Um girar de chaves e um passo a mais e me exporia ao perigo, mas hoje eu nem sequer penso em procurá-lo. Sento no chão de azulejos vermelhos e encaro o portão e o mundo lá fora. Não consigo encontrar a escuridão que procuro tampouco o silêncio. A cidade nunca dorme. Apesar disso encontro o frio, ou ele me encontra. O vento gelado tenta acariciar minha pele protegida pelo grosso casaco de lã, porém, só alcança meus sofridos pés descalços. Ele assovia para mim e, por um instante, tenho a esperança de que sejam as respostas que busco, entretanto, os assovios não passam de lúgubres e repetitivas perguntas. O vento se adentra em minha cabeça e embaralha todas elas, como num carrossel elas giram sem parar mas, diferente disso, se descontrolam e passam a ser expelidas de lá. Por que não quero mais ficar aqui e me sinto como se não mais fizesse parte desse mundo? Por que necessito de constantes mudanças? Eu quero tanto ficar só, busco desesperadamente minha solitude, mas ao mesmo tempo, quero companhia e carinho. E em resposta a essa triste constatação, o vento faz lágrimas brotarem e caírem de meus olhos. Meu rosto queima. Tento, em vão, secá-las com a manga de meu casaco, elas não desistem de cair e meu rosto arde ainda mais. Incessantes tremores percorrem meu corpo e o turbilhão de perguntas faz minha cabeça desejar transformar-se em uma bomba só para ter o prazer de explodir. Sinto uma intensa vontade de torturar uma por uma as perguntas que tanto me torturam e, descubro tardiamente, que o vento é meu inimigo e não quer me trazer as respostas. Meu rosto continua a queimar e meu corpo a tremer de frio. Como posso, ao mesmo tempo, querer estar sozinha e acompanhada? Como é difícil me satisfazer. Sempre estou à beira de um precipício, perdida entre antagônicas ideias e decisões que nunca vou tomar. Dois gatos passam pelo meu portão, um de cada vez. O primeiro dá um salto e entra na casa da vizinha. O segundo mais cauteloso, para, a fim de me observar. Por um instante me esqueço de tudo e tento chamá-lo para mais perto de mim, porém, assim como o primeiro, dá um salto e me abandona. Novamente só com o vento. Imediatamente a incontrolável necessidade de fugir apodera-se de cada centímetro do meu corpo. Como eu queria ser livre como um gato, solitária, vagabunda, dona de minha liberdade e, mesmo assim, receber carinho e ser amada quando me desse vontade. Não dá para se ter tudo, um pensamento mais racional replica. Meu corpo pede meu tão próximo lar aquecido e meus pés sussurram reclamações sobre o vento e me imploram para voltar. Por mais alguns segundos aprecio a infame companhia do vento, então o abandono. Entro em casa e esquento café na maior xícara que encontro. Bebo rapidamente e sinto minha língua queimar. As perguntas não se vão com o vento, mas tornam a esconder-se nos cantos obscuros de minha mente onde não há carrosséis. Assim, desperto novamente e volto a minha realidade vazia. Sem perguntas nem respostas.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

só mais uma reflexão.

"Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."

Clarice Lispector

por favor,


Me traga minha natureza, minhas montanhas, meu vento gelado, minha estante abarrotada de diversos livros, edredons e moletons, uma xícara gigante de café com chantilly e minha SOLIDÃO. Quando estiver tudo pronto, me avise, aí então poderei descobrir o que é a minha liberdade.