quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quando você tira o dente do siso

Estive pensando se esse título pareceria mais como um “manual de instruções” sobre o que fazer após essa operação. Bom, se pareceu, não foi minha intenção.
Lembro-me que, após ter retirado meus dois dentes do lado direito, minha dentista exclamou: “Que bom seria se todos os meus pacientes fossem como você! Isso é maturidade.” É claro que fiquei feliz, mas vou dizer para vocês a verdade, não concordei muito com isso.
A operação em si é mais ou menos assim, depois de milhares de picadas de anestesia em diversos lugares de minha boca, senti como se minha gengiva se transformasse num bloco molengo de borracha. Então, começou o que eu gostei de chamar de “mineração”. Vou explicar, durante todo o processo senti como se meu dente fosse um metal precioso que precisasse ser retirado da terra. Fico pensando se alguma vez os dentistas já se compararam com escavadores... Primeiro enfiaram na minha boca aquele instrumento barulhento e giratório que mais parece uma furadeira elétrica. Depois, quebraram meu dente em um milhão de pedacinhos e foram arrancando um após o outro com mais um monte de outros instrumentos. E, pasmem, até enfiaram uma chave de fenda enorme na minha boca! Durante a operação preferi imaginar que meu dente fosse um tipo de diamante e que aquela invasão de privacidade “bocal” não estava acontecendo, senão acho que entraria em estado de choque. A única diferença é que metais não sangram, mas preferi encarar a janela ao invés das gazes sangrentas que tiravam da minha boca. Ah, me lembrei de mais uma, acho que escavadores não costumam costurar a terra com um mini anzol de pesca para que ela cicatrize. Foi por tudo isso que eu disse que talvez não concordasse com a minha dentista. Maturidade? Acho que foi mais minha imaginação de criança que fez com que eu ficasse quietinha o tempo todo.
O mais legal (se é que sentir dor seja algo legal) acontece quando, já terminada a operação, o efeito da anestesia começa a passar. O lado direito inteirinho do meu rosto ficou dolorido, inclusive minha cabeça e garganta, enquanto o esquerdo parecia fingir que nada estava acontecendo. Incrível como pareceu que eu tinha duas cabeças!
Agora, como vingança, daqui quinze dias o lado esquerdo é quem vai sofrer um pouco. E juro que não, não mesmo, fiz esse texto para assustar as pessoas que ainda terão que tirar seus lindos dentinhos.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

À minhas sete

Talvez pareça besteira o que eu vou escrever e até desnecessário neste momento, mas é algo em que estive pensando e realmente me comoveu.
Vou chegar logo ao ponto: tenho medo de perder vocês. E, sim, hoje isso pode parecer até um tanto improvável, mas é só que tudo passa tão rápido. Em menos de um ano estaremos no terceiro ano e, depois, puft. Quem sabe? É muito verdadeira aquela frase que diz que só passamos a dar valor às coisas quando as perdemos, e acho que todas nós já sentimos isso na pele, não é?
Perdemos coisas todos os dias, às vezes nem nos damos conta disso. Certos momentos perdemos até nós mesmas, antigos pensamentos e sensações. Mas há coisas em que paro e penso que seria incapaz de aceitar a perda. Quem seria eu sem as palavras amigas e fofas da Michelle? Sem os abraços da Renata, o bom-humor da Vivi, as risadas da Ju, as brincadeiras loucas com a Sté, as obsessões da Mari e as besteiras da Cati? Eu amo tanto vocês, nossas besteiras, como nos suportamos, cada uma com seus defeitos únicos e irritantes.
É tão necessária e importante como a amizade de todas vocês me amparam em alguns momentos que eu realmente tenho vontade de desistir. E eu queria muito poder dizer que será para sempre, porque é o que eu desejo de todo o meu coração, nunca me perder dessas meninas loucas e “brisadas” que tomaram uma parte tão essencial da minha vida.
Muito obrigada por serem como vocês são, com suas qualidades e defeitos. Todas, assim, tão diferentes.
E, se por acaso algum dia essa amizade acabar eu quero que saibam que ela é eterna dentro de mim, pois eu nunca poderei me esquecer de vocês.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

um pseudo-monólogo

Pode parecer que não, mas aprendi que algumas coisas não devem ser ditas. Algumas delas tornam-se desnecessárias, simplesmente porque ninguém às daria ouvidos se não eu mesma. O grande problema é que elas grudam em mim de tal forma que sinto como se fosse explodir se não mandá-las embora. Então, utilizo a antiga técnica de "escrever para aliviar a dor". Ás vezes acho tão patético quando pessoas escrevem usando metáforas para "disfarçar" o que querem dizer, quando, na realidade o que elas mais desejam é que as outras pessoas descubram. Bom, sou patética e só para não ser chata, inconveniente e falar demais sobre coisas que são muito prováveis de causarem arrependimento no final, lá vamos nós de novo.

Estranho como aquelas criaturas que mais desejamos esquecer são as que mais pensamos. Certa vez, alguém comentou que para esquecermos de alguém precisamos parar de tentar fazer justamente isso. Mas, bem, como todos devem saber não é algo exatamente simples e, se torna ainda pior, se você for uma criança pouco vivida e desacostumada com grandes perdas ou, simplesmente, se for uma pessoa extremamente sensível. Acho que me encaixo nos dois casos. Eu perdi uma pessoa com quem convivo todos os dias e isso não aconteceu porque deixamos de nos falar ou coisa do tipo, simplesmente porque perdi no passado. Obviamente, há explicações suficientemente razoáveis para que isso tenha ocorrido. Mas sabe quando não conseguimos aceitar? Talvez, ano passado eu devesse ter utilizado mais a escrita e menos a fala, assim sairiam menos besteiras de minha boquinha e as coisas não tivessem terminado desse jeito. Mas, no fim, quem sou eu para reclamar de que não é melhor assim? É um tanto clichê, mas dizem que nunca conseguimos esquecer o que um dia amamos de verdade e me pergunto se sei o que é amar de verdade. Claro que não, eu sou só uma criança. Então, me expliquem como coisas que deveriam ter ficado no passado não me abandonam e, como tudo o que digo, parece ser tão dramático quando, na verdade, é o que realmente sinto. E se todos soubessem como eu odeio me martirizar, como odeio não poder entender. O lado positivo é que meus tormentos me ensinam novas lições a cada dia. Coisas como mastigar as palavras que tenho vontade de dizer, como a falsidade às vezes é melhor do que se fechar em uma bolha horrorosa, que apesar de muitas vezes parecer, não é a melhor opção se desejamos conviver amigavelmente com outras pessoas. Como sinto falta de algumas fases que tinha dito serem as "piores" e como sei que quando essa acabar eu também sentirei. Sentirei falta de crescer.