terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre não conseguir

Colocam-se duas palavras num pote de plástico: Não. Consigo.


Assim faz-se o primeiro e único passo necessário para a falência.

Diz-me em voz alta: NÃO DESISTA. Sinto muito se abaixo os olhos, pois parece-me impossível. Não estou dizendo que a resistência é racional, estou somente contando-lhe sobre essa parte que me impede. Essa parte de mim que não me permite ser o que sou e sentir o que quero sentir. Assim como alguns se tornam incapazes de partir, de beijar, de amar, de sorrir, eu... Eu não tenho capacidade de me tornar capaz. É uma gigantesca contradição, sabe disso. É um tête-à-tête infinito que mantenho comigo mesma. A mente conturbada parece impedir-me de continuar tentando, como se, incessante, uma nuvem negra gritasse em meus ouvidos: Corra!

Ao invés disso, me escondo.

Escondo-me com o mais intenso desejo de lançar o pote de plástico contra a parede e berrar: CONSEGUI SEU FILHO DA PUTA!