sexta-feira, 9 de abril de 2010

Drogas

Um vento gelado batia em seus cabelos longos e suas roupas certamente tiradas de uma revista de moda dos anos 80. Os pensamentos vagavam em sua mente como bolhas, em uma fração de segundos estouravam umas e criavam-se outras logo em seguida. Como num filme rodando rápido, rápido demais, ela balançava seus cabelos à medida que a música tocava. Tocava dentro de si, cada vez mais alta. Tão alta que ela sentia como se seu cérebro fosse explodir a qualquer momento. Diversos instrumentos gemiam e arranhavam e, ao fundo, uma repetitiva e incansável batida eletrônica. Sua mente girava e cada parte do seu corpo tremia, em uma mistura completamente divergente de medo, êxtase e depressão. Após inabaláveis segundos que mais pareceram horas, ela percebeu seu real desejo. Necessitava gritar, colocar para fora tudo. Toda aquela agonia que foram os últimos anos de sua vida. Queria vomitar a inútil esperança que lutava em permanecer dentro de si, como se, por todo aquele tempo, ela só a tivesse enganado. De repente, uma lágrima rolou. Seu rosto ardeu como fogo em brasa e, erroneamente satisfeita, ela percebeu que aquilo era o fim. A música parou. Então, como se tivesse levado um soco, todo seu corpo foi jogado ao chão. Caiu estatelada, no chão frio e úmido, porém, inesperadamente ele a acolheu, como se permitisse uma sucessão de lágrimas que afinal viriam. Pela primeira vez em oito meses, ela podia chorar novamente.

Um comentário:

  1. nossa que perfeito, um gostei muito é o meu preferido de agora em diante!!

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