sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um dia já fui inteira feita de palavras e lágrimas. Agora não choro mais que não seja de felicidade e não escrevo mais que não seja por compaixão pelas palavras que habitam em mim. Elas me contam sobre saudade, e eu digo a elas que saudade é esperar que a farinha se refaça em grão, como um dia já te disse que Mia Couto me contou. Outro dia me contaram sobre as tardes em que colhia rosas recordações com cheiro de mel e guardava momentos em folhas perdidas. Sobre as noites que Camões surgia, nu, e as mãos tinham medo. Achei bonito pois me disseram assim: naquelas noites, lutávamos para manter estável o que já nascera destruído. Acredito que tenham razão. Agora elas não voltam com muita frequencia, se transformam em nuvens e me tiram o peso de pensar. Assim está tudo bem. Digo e repito repito repito. Está bem porque aprendi a fingir sorrisos, a contar mentiras e a esconder de mim mesma aquilo que eu gostava de chamar de amor. Eu perdi uma parte inteira de mim e foi quase tão fácil quanto acreditar em fadas.

3 comentários:

  1. "Eu perdi uma parte inteira de mim e foi quase tão fácil quanto acreditar em fadas."

    é (lulis linda)

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  2. fadas não existem :~ Ops, matei mais uma...

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  3. é sinceramente um dos seu textos mais bonitos, meio triste, tenho que admitir. Porém, totalmente poético.
    Simplesmente amei <3
    tavez tenha sido fácil como desacrediatr em fadas então, e dá aquela sensação que algo, poréam falso se foi
    beijos
    Ste

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