domingo, 5 de julho de 2009

semtítulo.

De repente o tempo mudou, de repente tudo que fazia sentido perdeu o sentido. De repente tudo o que eu podia sentir era o frio. E à tudo o que parecia normal havia uma dúvida escondida. Tudo se resumia em porquês. Eu não compreendia mais nada que pudesse fazer parte da minha rotina, mas não queria fugir dela. Eu queria, simplesmente, compreender, ou só compreender porque queria tanto compreender. Era como se os ponteiros dos relógios começassem a girar no sentido anti-horário, como se o inverno se tornasse a estação mais quente do ano. Tudo estava desabando, voltando a se recompor e desabando de novo. Tudo transformava-se radicalmente. E o tempo? Não havia mais tempo. Ele estava descontrolado. Os momentos passavam rápido e devagar demais. Era uma bola de gude girando e girando, que parava de girar sem que algo a parasse e voltava a girar sem que alguém fizesse força para que continuasse. Era complexo e frio. Exteriormente nada tinha mudado, o frio estava dentro de mim e me perturbava. Não havia motivos para ele ter entrado e se instalado aqui, assim como não havia motivos para a bolinha voltar a girar. De repente tudo era tarde demais, mas tudo era cedo demais. Era angustiante, terrivelmente angustiante. Uma mistura de querer mais que tudo descobrir as respostas, mas ao mesmo tempo permanecer na ingenuidade. Uma mistura de querer romper as barreiras, mudar tudo radicalmente e permanecer em silêncio. Uma luta inexistente entre coisas completamente antagônicas. Mas o mais angustiante era não saber transformar tudo em palavras. Não havia palavras naquele frio.

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